Havemos de lá chegar!
Quantas
vezes não ouvimos a expressão “O Estado
não cumpre” ou “O Estado é o primeiro a não cumprir”. Sempre que há a
necessidade de culpar uma “entidade” abstrata lá vem o Estado com as suas
largas costas a ser responsabilizado.
Só
que há aqui um “pequeníssimo” problema em que se confundem estado e governo. Não
é objetivo neste escrito passar pela evolução da definição de “Estado” desde
tempos da antiguidade clássica até ao que hoje se define como o Estado Moderno.
O
Estado somos todos nós. E o Estado, leia-se “todos nós”, é efetivamente culpado
pela sua não participação cívica e de deixar chegar as coisas a momentos de
enorme entropia política.
A nossa passagem de responsabilidades
para outros, em termos coletivos de decisão, é sempre mais fácil que uma
participação ativa. Um exemplo de participação, muito além dos movimentos
independentes, somente com objetivos políticos locais como acontece entre nós,
é a Noruega. Este país com cerca de 4,5 milhões de habitantes, quando analisado
sob o ponto da participação cívica pode induzir em erro sobre o número total de
residentes naquele território, e isto porque recorrendo ao número de sócios e
voluntários ativos nas Organizações Não Governamentais (ONG), e que ultrapassam
os 10 milhões, poderíamos ser levados a pensar que era este o número de
habitantes, mas não. Cada habitante da Noruega participa ativamente em 2 ou 3
ONG e faz também desta forma, não só com o investimento público, que aquele
país, no ano de 2012, fosse o primeiro país em termos de Índice de
Desenvolvimento Humano, tal como está especificado no Relatório de
Desenvolvimento Humano 2013 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD).
Possivelmente
são os noruegueses que estão errados e quem está certo somos nós, que no mesmo
relatório ocupamos a 43.ª posição.
É
assim também em termos cívicos a nossa participação, muito baixa, a não ser que
de 4 em 4 anos apareçam uns movimentos eleitorais, que diga-se também são
necessários e uma forma de participação ativa embora com características muito
próprias.
Se
esta situação se devia alterar? Claro que sim. Mas avançar para uma
participação num movimento informal, ou para uma ONG, que discuta a sociedade
local em períodos pré-eleitorais será com certeza aproveitado por uns quantos,
amantes da inércia, para o colar erradamente a um movimento político. Enfim, é
o “Estado” que temos. Devemos desistir enquanto povo? Não. Havemos de lá
chegar!