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Miguel Sousa Tavares escreve semanalmente no semanário Expresso e confesso que não é dos “jornalista” que mais aprecio. Mas na edição de 25 de Abril retiro-lhe o chapéu sobre grande parte daquilo que transmite sobre o título “Essa coisa tão simples: liberdade”. Escreve sobre aquilo que são habitualmente as cerimónias evocativas do 25 de Abril de 1974, e em determinada fase aborda o cumprimento dos três D. Transcrevo as partes que me parecem mais significativas e nas quais me revejo, sobre o modo como nós, portugueses, usamos o que aquela revolução nos trouxe e as lamentações que todos os dias nos entram casa dentro, trazidas pela noticiários televisivos.
“E desenvolvemo-nos: sim desenvolvemo-nos. Só quem não viveu ou não se lembra o que era o Portugal de 1974, só quem não viu, por exemplo, a série de programas de António Barreto na RTP, é que pode ainda ter dúvidas sobre isso. O Portugal de hoje não tem nada, rigorosamente nada, a ver com o Portugal do Estado Novo – miserável, ignorante, de mão estendida e espinha curvada.”, continua analisando a nossa postura hoje “Acontece é que nunca estamos satisfeitos, achámos que a liberdade era o direito de tudo reclamar, todos os direitos sem nenhuns deveres, a Europa e o mundo fascinados a nossos pés, pagando eternamente pelo espectáculo da nossa liberdade e do cravo na lapela, e nós encostados aos subsídios e à facilidades sem termos de nos cansar”.
Anda depois à volta da liberdade e daqueles que, a coberto da revolução de Abril, acham que tudo podem, inclusivamente o uso de métodos menos próprios: “…quando acontece alguém chegar à política movido pelo sentido de serviço público e pela vontade de transformar as coisas, ele é tranquilamente cilindrado…Não deveríamos, assim, queixarmo-nos ou admirarmo-nos se os melhores desistem e se os piores regressam, no vazio criado. Para desgraça nossa - e com o nosso voto!”.
Outra passagem, na sequência da anterior é também o reforço deste pensamento, “Mas quem quer verdadeiramente preocupar-se em escrutinar o que foi o seu desgoverno do passado? As pessoas ficam-se pela espuma das coisas…e nem querem saber do resto…”.
Aquelas linhas reflectem muito daquilo que é o nosso pensamento comum e até onde nos poderá ou não levar. São sentimentos que nos deveriam fazer parar e reflectir para onde queremos – colectivamente – levar as nossas comunidades.Viva o 25 de Abril.

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